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Esofagite Eosinofílica

Por Drª Janaína Melo – Alergista e Imunologista

? A esofagite eosinofílica é tema que merece atenção especial, já que nos últimos anos sua incidência tem crescido! É uma doença inflamatória que afeta cada dia mais pessoas no mundo todo, tanto crianças como adultos.
É uma inflamação crônica da mucosa do esôfago causada por um tipo específico de glóbulos brancos chamados eosinófilos, causando dificuldade em engolir, engasgo, vômitos, refluxo gastresofágico, tosse ou dor no peito.

SINTOMAS:
Os sintomas variam de acordo com a faixa etária:
Lactentes, por recusa alimentar, irritabilidade, vômitos e baixo ganho de peso;
Crianças, por dor abdominal, vômitos, sintomas de refluxo gastroesofágico, aversão à alimentação e também déficit de ganho de peso e crescimento;
Adolescentes, por disfagia, impacto alimentar no esôfago, náuseas, sintomas de refluxo e dieta bem limitada;
Adultos, por disfagia e impacto alimentar no esôfago, além de sintomas de queimação e refluxo.

Estudos apontam que leite, trigo, ovos, soja, nozes e frutos do mar são as causas mais frequentes, entretanto não há um padrão comum para todos os pacientes. ? ??

O diagnóstico deve ser feito pelo alergista/imunologista ou gastroenterologista e leva em conta uma investigação clínica muito apurada, bem como exames específicos, como endoscopia digestiva com biopsia.

?Uma dica é quando o paciente tem os sintomas de refluxo mas as medicações de tratamento convencional não estão resolvendo.

 

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Alergias Alimentares Precisam ser Investigadas Com Cuidado

Por Dra Janaína Melo – Alergista e imunologista

 

Você já se deu conta de como é comum depois de comer alguma coisa, ouvir a frase: “Acho que me deu alergia”…
É verdade que há um crescente aumento na prevalência das alergias alimentares, e isso se observa no mundo todo. Sabemos que mais de 170 alimentos são considerados como potencialmente alergênicos, porém, poucos foram responsabilizados pelas reações alérgicas. Podemos citar o leite de vaca, trigo, ovo e a soja no caso das crianças; amendoim, frutos do mar, peixe e castanhas no caso dos adultos.
Mas então, como saber se uma pessoa é alérgica?

Pois é… A questão é que TEM que fazer uma investigação completa e minuciosa, amparada em quatro pilares:
* História clínica detalhada e muito bem investigada e avaliada pelo especialista (alergista/imunologista);
* Exames corretamente requisitados e interpretados pelo especialista (alergista/imunologista). Nem sempre o IgE positivo indica que o paciente seja alérgico;
* Aplicar a dieta de restrição, supervisionada pelo especialista, para que haja certeza se o alimento é de fato um gatilho para a alergia.
* Teste de provocação, que finaliza e estabelece o diagnóstico para alergias alimentares. Ele deve ser realizado SOMENTE pelo especialista (alergista/imunologista), ou sob sua supervisão. SEMPRE em ambiente adequado (hospital, clínica ou até na UTI), JAMAIS em casa, pois pode colocar o paciente em risco de óbito.

Como vemos, é preciso encarar com muita seriedade a questão das reações alérgicas e investigar com cuidado para que o diagnóstico seja preciso e no caso de ser constatada o tratamento correto.

 

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Reações Cruzadas Podem Ser Graves!

Por Drª Janaína Melo – Alergista e Imunologista

É muito comum as pessoas que convivem socialmente com alérgicos (amigos, familiares, colegas de trabalho), duvidem e achem exagero os cuidados que pacientes com alergias alimentares têm não só com o que consomem, mas também com possíveis traços dos alérgenos em outros alimentos.
Mas, para muitos pacientes esses cuidados ?NÃO SÃO EXAGEROS! ?

A alergia alimentar pode ser potencializada com as chamadas reações cruzadas entre alimentos. Isso acontece quando alimentos possuem as mesmas propriedades, mais especificamente, as mesmas cadeias protéicas.
Para se ter uma idéia, existem pessoas que tem reações apenas em tocar ou sentir o cheiro de um alimento !!! Por exemplo, o paciente alérgico a peixe ou camarão, pode ter uma reação alérgica grave comendo batatas se forem fritas no mesmo óleo.

Outro exemplo de reação cruzada é quando a pessoa tem alergia ao camarão; se entrar em contato com grande quantidade de pó doméstico que contenha restos de barata ou ácaros pode ter uma reação alérgica, por apresentarem a mesma proteína em comum, a tropomiosina.

Ou seja, a contaminação cruzada é uma transferência de traços ou partículas de um alimento para o outro, diretamente ou indiretamente. Ela pode ocorrer de diversas formas durante a cadeia produtiva: no plantio, colheita, armazenamento, beneficiamento, industrialização, transporte bem como na área de manipulação de alimentos. No caso do leite e da soja é um pouco diferente: eles impregnam por onde passam, por exemplo, utensílios, equipamentos.

Um exemplo muito comum no dia a dia: na padaria o paciente pede para fatiar presunto, sem saber que anteriormente foi fatiado um queijo. PRONTO O presunto já está contaminado com a proteína do leite e a reação cruzada acontece nos pacientes mais sensíveis! ?

Por isso, não importa o que pensem ou digam! Quem é alérgico deve tomar muito cuidado na hora de comer fora de casa ou comprar alimentos! Um mínimo “RASTRO” do alérgeno pode desencadear uma reação cruzada grave nos indivíduos mais sensibilizados!

 

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Alergia a Frutas Cítricas

Por Dra. Janína Melo – Alergista e Imunologista

?Os sinais de uma reação alérgica a frutas cítricas incluem uma variedade de sintomas que vão desde aqueles que causam um leve desconforto, como coceira, a reações potencialmente fatais.
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?Os grandes “vilões” das alergias são as proteínas alergênicas. Algumas proteínas presentes nos alimentos são responsáveis por desencadear as alergias, tanto em alimentos de origem vegetal, como as frutas, quanto em alimentos de origem animal, como o leite.
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?Alterações na microbiota do intestino, por exemplo, podem aumentar a permeabilidade intestinal, fazendo com que uma maior quantidade de alérgenos seja absorvida pela mucosa do intestino, com consequente sensibilização.
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?Os sintomas de alergia a frutas não são diferentes dos sintomas de alergias a outros alimentos: problemas DIGESTIVOS, como diarréia, vômitos, constipação e cólicas; problemas RESPIRATÓRIOS, como tosse, rouquidão e chiado no peito; CUTÂNEOS, como urticária, inchaço, coceira e eczema; e até REAÇÕES ANAFILÁTICAS, que acometem vários órgãos simultaneamente e podem ser fatais.
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?Uma vez detectada a alergia a determinada fruta, o tratamento é o mesmo que se recomenda no caso de alergia a outros alimentos: a retirada imediata dele da dieta.

 

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Quais São os Testes Para Detectar Alergias?

Por Dra Janaína Melo – Alergista e Imunologista

TESTE DE CONTATO ou PATCH TESTE: É utilizado para identificar substâncias que causam alergia em contato com a pele, principalmente na dermatite de contato.
TESTE DE PUNTURA OU “PRICK-TEST”: Teste realizado no antebraço e com uma lanceta aplica-se o alérgeno da substância suspeita.
“PRICK TO PRICK”: É uma variação do teste alérgico de puntura, onde o alergista utiliza alimentos naturais.
TESTE INTRADÉRMICO: Exame realizado quando o prick é negativo tanto para inalantes, insetos e medicamentos.
TESTE AUTÓLOGO: Tem a finalidade de pesquisar autoimunidade, como na Urticária crônica.
PESQUISA DE IGE TOTAL E IGE ESPECÍFICAS: Exames de sangue para pesquisa de alergia a inalantes e alimentos.
TESTE DE PROVOCAÇÃO: Testes padrão ouro com substâncias suspeitas ou alternativas dependendo da linha de investigação.

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FPIES, Você sabe o que é??

Por Drª Janaina Melo – Alergista e Imunologista

 

FPIES (do inglês Food Protein Induced Enterocolitis Syndrome), que significa Síndrome da Enterocolite Induzida por Proteína Alimentar, é uma hipersensibilidade gastrointestinal a alimentos, não mediada por IgE.

Os alérgenos mais comuns são leite de vaca e a soja, mas qualquer alimento (mesmo aqueles supostamente hipoalergênicos, p.ex. arroz, aveia) podem causar uma reação FPIES. Normalmente começa no primeiro ano de vida.

Diferentemente da maioria das Alergias Alimentares, as reações FPIES começam 2 horas após a ingestão do alimento gatilho. Se caracterizam por vômitos abundantes e diarreia, com desidratação importante e rápida, até mesmo choque. FPIES ocorre principalmente em lactentes jovens, mas podem existir em crianças mais velhas.

DIAGNÓSTICO
O diagnóstico da FPIES é baseado na história clínica, partindo-se do reconhecimento dos sintomas, da exclusão de outras causas e do teste de provocação oral (TPO) supervisionado. Apesar do TPO ser o padrão ouro, ele pode ser dispensado em casos de reações graves e recorrentes associadas à ingestão alimentar.

TRATAMENTO:
Não existe terapia curativa até o momento.
Para FPIES Aguda, hidratação endovenosa é normalmente necessária.
Evitar terminantemente o alimento causador é a conduta a ser seguida.
Uma dieta hipoalergênica pode incluir: fórmula à base de aminoácidos livres ou fórmula à base de caseína extensamente hidrolisada.

É importante o acompanhamento do crescimento e da ingestão de nutrientes para detectar possíveis riscos nutricionais e a necessidade de intervenção. Além disso, a avaliação regular para o desenvolvimento de tolerância é necessária para evitar restrições desnecessárias, o que deve ser individualizada quanto ao alimento a ser introduzido e ao período de introdução.

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É Possível Evitar Alergias?

Por Dra. Janaína Melo

O número é assustador: 8 em cada 100 crianças sofrem com algum tipo de alergia alimentar. O que se pode afirmar é que as alergias alimentares têm influências genéticas (60%) e ambientais (40%). ?
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Embora não haja uma maneira de prevenir a alergia, há muitos indícios de que o aleitamento materno pode reduzir consideravelmente os riscos de aparecimento de alergias, pois fornece além de nutrientes, anticorpos e componentes que ajudam o sistema de defesa. ??
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?Entre o 4º e o 6º meses de vida, parece haver uma espécie de acomodação do sistema imune, que faz com que a criança passe a tolerar proteínas causadoras de alergia, algo que não seria possível antes disso. Assim, é fundamental amamentar até pelo menos os primeiros 6 meses de vida.
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?A segunda questão que influencia no risco de alergia é o parto. E isso diz muito respeito a nós, brasileiros, pois o Brasil é líder mundial de cesáreas. O atrito entre a criança e a mucosa do canal vaginal durante o nascimento põe o bebê em contato com uma multidão de bactérias, que já vão colonizando o corpo dele. Estudos recentes mostram que o parto cesáreo priva o bebê desses microrganismos, e sem esses micróbios, o sistema imune parece não se desenvolver nem amadurecer tão bem, aumentando em até cinco vezes as chances do aparecimento de alergias.
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?Atualmente, também se sabe que a presença de alimentos ricos em ácidos graxos de cadeia longa na dieta da mãe (como, por exemplo, o ômega 3) tem um efeito protetor contra doenças alérgicas na criança.
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?Recomenda-se que a mãe não apenas tenha uma dieta saudável e variada, mas que inclua na sua dieta, peixes ricos em ômega 3 pelo menos três vezes por semana, durante a gestação e a amamentação.

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Prick Teste Para Aeroalérgenos

Por Drª Janaína Melo – Alergista e Imunologista

Muitas pessoas me questionam sobre como detectar os agentes causadores das alergias respiratórias, é importante saber que, para cada tipo de alergia existe um teste específico e que os testes devem ser individualizados.

Um dos mais utilizados para avaliação dos alérgenos é o prick teste ou teste de puntura, é um método “in vivo” que consiste em detectar quais alérgenos (substâncias de origem natural, ambiental ou alimentar que podem induzir a uma reação alérgica) no paciente sensível.

Ele é indicado para o diagnóstico de alergia nos pacientes com sintomas respiratórios, cutâneos, gástricos ou oculares: ? RINITE ALÉRGICA,
?CONJUNTIVITE ALÉRGICA, ?ASMA/BRONQUITE, ? DERMATITE ATÓPICA e ?ALERGIAS ALIMENTARES

Lembrando que, as alergias respiratórias são causadas pelos agentes denominados ? AEROALÉRGENOS, como por exemplo: ácaros, gramíneas (pólens), fungos, epitélio de cão, epitélio de gato, penas e baratas.

Como é um teste de amplo desempenho, também é utilizado para detectar sensibilidade a alimentos como: leite, gema e clara de ovo, trigo, milho, amendoim, glúten, cacau, camarão, peixe, carne bovina, carne suína e carne de frango, frutas, entre outros.

É sempre de fundamental importância identificar a origem das alergias, para que as crises sejam prevenidas. Faça o teste sempre com um especialista em alergia!

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O Glúten e o Autismo

Entrevista com Dra. Geórgia Meneses Fonseca…

Recentemente, um tema vem sendo amplamente comentado e debatido no meio científico: as possíveis relações entre o consumo de glúten e o autismo em crianças. Para entender melhor esta complexa questão, a Schär conversou com uma das maiores especialistas no Brasil sobre o assunto. Mãe de uma menina autista, a doutora Geórgia Meneses Fonseca é pediatra com ampla experiência em desenvolvimento infantil, puericultura, homeopatia e saúde mental, além de pesquisadora em autismo da Federação Brasileira de Homeopatia, da qual é membro diretora. Confira a seguir a entrevista que ela gentilmente nos cedeu, por e-mail.

Já existe comprovação científica sobre as relações entre doença celíaca e autismo? O que é possível afirmar a este respeito?

Geórgia Meneses Fonseca: Há vários anos, nós que trabalhamos no dia a dia com os pacientes com autismo, e principalmente os pais e cuidadores destas crianças, temos observado que os sintomas gastrointestinais são uma característica comum em todas elas. Esta sintomatologia frequente chamou a atenção de vários pesquisadores para uma possível associação com a doença celíaca ou sensibilidade ao glúten nestas crianças. Os estudos sobre a resposta imune ao glúten no autismo e sua associação com doença celíaca apresentavam-se inconsistentes, no entanto alguns trabalhos recentes vêm respondendo a estes questionamentos. Novos estudos demonstraram que as crianças com autismo têm níveis significativamente mais elevados de anticorpos IgG para gliadina em comparação com os indivíduos saudáveis.(1) A resposta de anticorpos IgG anti-gliadina também se mostrou significativamente maior nas crianças autistas com sintomas gastrointestinais em comparação com aquelas que não apresentavam nenhum sintoma deste tipo. Isto comprovou que as crianças autistas podem sim apresentar aumento da reatividade imunológica de glúten. O mecanismo parece ser distinto da doença celíaca. O aumento da resposta de anticorpos anti-gliadina e sua associação com sintomas gastrointestinais aponta para um potencial mecanismo que envolve alterações de permeabilidade intestinal e/ ou imunológica em crianças afetadas.

Uma patologia que permaneceu desconsiderada por muito tempo, apesar de ter sido descrita originalmente em 1980, é a Sensibilidade Não Celíaca ao Glúten (SNCG) e que agora vem recebendo atenção devido aos estudos epidemiológicos recentes que associam a presença da SNCG em indivíduos com Síndrome do Intestino Irritável, Doenças Inflamatórias Intestinais e Distúrbios Neuropsiquiátricos, entre eles o Autismo e a Esquizofrenia. A Sensibilidade Não Celíaca ao Glúten, ou SNCG se caracteriza basicamente pela presença de sintomatologia intestinal e extra-intestinal relacionados à ingestão de alimentos contendo glúten, em indivíduos que não são afetados pela Doença celíaca ou pela Alergia ao Trigo.(2) E realmente temos visto em vários pacientes autistas a falta de marcadores para a DC presentes mas a resposta clara à retirada da proteína com alívio dos sintomas gastrointestinais e melhoria do quadro autístico.

Outro ponto recente e interessante para estudo, não só em relação a DC como para o Autismo, é a inter-relação cada vez mais evidente entre saúde x doença x microbioma isto é, a relação entre a população bacteriana que carregamos como “amigas” e que tomam importante papel no nosso metabolismo. Vários estudos demonstraram uma alteração na microbiota e doenças intestinais inflamatórias por exemplo. Nos casos de autismo, esta alteração, comumente chamada de disbiose, e seu papel no desenvolvimento dos sintomas intestinais e digestivos sempre foi amplamente debatida. De maneira fascinante agora em 2014 foram apresentadas pesquisas que demonstram que algumas bactérias têm potencial capacidade de ajuda na metabolização e quebra dos peptídeos do glúten em celíacos, e que sua ação começa já desde a cavidade oral (3,4,5). Alterações em alguns dos mesmos gêneros de bactérias, como Firmicutes, também foram observadas em crianças com autismo.(6)

 

Por que uma criança autista tem mais problemas de refluxo, constipação e diarréia, por exemplo?

GF: A gênese destes sintomas parece resultar de um círculo vicioso resultante de agressão à mucosa gastrointestinal causando a permeabilidade intestinal aumentada, que será a provocadora da ativação imune gerando inflamação crônica local. E quais seriam os agentes apontados como agressores? Várias frentes de estudo apontam para o uso frequente ou precoce de antibióticos; uma dieta rica em carboidratos e açúcares ou alimentos infantis processados; o desmame precoce; a presença de alterações das respostas imunes primárias pelas vacinações; o uso excessivo de alimentos alergênicos como leite de vaca ou ovos; a exposição a toxinas, metais, vírus, parasitas; a diminuição da atividade de dissacaridases e outras enzimas que são capazes de digerir alimentos como os açucares e proteínas; a diminuição de imunoglobulinas protetoras do trato gastrointestinal como a IGA secretória e o crescimento de bactérias super-resistentes e fungos que são os causadores da disbiose. Todos estes agentes atuando como gatilhos sobre a predisposição genética subjacente.

 

É verdade que a doença celíaca é mais frequente em autistas? Por que isso ocorre?

GF: Não há uma relação direta até agora comprovada nesta relação. Como foi recentemente demonstrado num trabalho realizado na Suécia no ano passado, relacionando 26995 pacientes biopsiados para Doença Celíaca e o diagnóstico de Transtorno do Espectro do Autismo.(7) Mas a presença de anticorpos positivos contra o glúten é encontrada com mais frequência nestes pacientes (2, 7)

 

Há pesquisadores que defendem a tese de que a má absorção dos nutrientes decorrente da doença celíaca acarreta em uma deficiência de neurotransmissores, fazendo com que estas pessoas apresentem comportamentos de autistas. Essa informação procede?

GF: Não exatamente. A DC tem sido associada a desordens neurológicas e psiquiátricas, notadamente com a ataxia cerebelar, neuropatia periférica, epilepsia, cefaléias, demência e depressão. Recentemente, a produção de alguns outros anticorpos têm sido relacionada com a sensibilidade ao glúten e às complicações neurológicas decorrentes, incluindo anticorpos anti-gangliosideos e os anti-GAD (Acido glutâmico descarboxilase). A enzima ácido glutâmico descarboxilase é relacionada à produção de ácido gama aminobutírico (GABA), que é um importante neurotransmissor regulatório no sistema nervoso central. Pelo menos 60% dos pacientes com anticorpos anti-gliadina presentes apresentam também anticorpos anti-GAD.(8)

A sensibilidade ao glúten também tem sido relacionada à diminuição da produção de serotonina. Um trabalho demonstrou que adolescentes celíacos que apresentavam depressão e outras alterações de comportamento tinham baixos níveis de triptofano livre, o qual é essencial para a produção da serotonina.(9)

Relatos sobre a relação entre Esquizofrenia e Doença Celíaca já contam 40 anos. A principal teoria entre a relação da absorção dos peptídeos do glúten, denominados gliadomorfinas, e comportamentos autistas tiveram seu início com estudos de comportamento animal desde a década de 60. A proteína do trigo mal digerida gera um pequeno fragmento proteico denominado peptídeo, que possui a capacidade de ligar-se aos receptores opióides cerebrais e manifestar sintomas semelhantes ao da intoxicação pelo ópio e seus derivados.

 

Fala-se muito na eliminação de glúten e caseína (proteína do leite) da dieta de crianças autistas. Isso é realmente uma medida eficaz? Por que motivos? Uma criança pode reverter o autismo apenas por meio de uma dieta sem glúten e lactose, p. e.?

GF: A restrição de glúten e caseína da dieta de pacientes com Transtorno do Espectro do Autismo tem obtido grande aderência e aprovação de pais e cuidadores que observam a melhoria dos sintomas autísticos destes pacientes. Os estudos clínicos realizados com a dieta livre de glúten e de caseína nestas crianças demonstraram uma melhora no nível cognitivo não verbal, melhora na linguagem, diminuição dos problemas motores, diminuição do alheamento, aumento das habilidades de comunicação e de contato social e diminuição do comportamento estereotipado e agressivo.( 10, 11, 12, 13). Um dos melhores trabalhos sobre isto foi um estudo randomizado durante 24 meses de aplicação da dieta feito em 2010 por pesquisadores britânicos e escandinavos em 74 crianças com autismo de 4 a 10 anos avaliadas por diversas escalas de avaliação para comportamento social e desempenho cognitivo, que revelou melhora significativa nos escores obtidos no grupo em dieta livre de glúten e de caseína.(14)

 

Cortando o glúten da alimentação de uma criança, é preciso recorrer a outras proteínas substitutivas? Quais?

GF: Toda restrição dietética em crianças deve ser acompanhada e orientada por profissional especializado. A retirada do glúten em si não trará muitos problemas, pois as outras fontes proteicas são todas liberadas. A retirada da caseína implica em atenção para os níveis de cálcio e manutenção do status proteico para garantirmos o crescimento e desenvolvimento adequados.

Referências:

(1) Markers of Celiac Disease and Gluten Sensitivity in Children with Autism. – Lau NM, Green PH, Taylor AK, Hellberg D, Ajamian M, Tan CZ, Kosofsky BE, Higgins JJ, Rajadhyaksha AM, Alaedini A.
(2) Non-Celiac Gluten sensitivity: the new frontier of gluten related disorders.
Catassi C, Bai JC, Bonaz B, Bouma G, Calabrò A, Carroccio A, Castillejo G, Ciacci C, Cristofori F, Dolinsek J, Francavilla R, Elli L, Green P, Holtmeier W, Koehler P, Koletzko S, Meinhold C, Sanders D, Schumann M, Schuppan D, Ullrich R, Vécsei A, Volta U, Zevallos V, Sapone A, Fasano A.
(3) Diversity of the cultivable human gut microbiome involved in gluten metabolism: Isolation of microorganisms with potential interest for coeliac disease.
Caminero A, Herrán AR, Nistal E, Pérez-Andrés J, Vaquero L, Vivas S, de Morales JM, Albillos SM, Casqueiro J.
(4) The cultivable human oral gluten-degrading microbiome and its potential implications in coeliac disease and gluten sensitivity.
Fernandez-Feo M, Wei G, Blumenkranz G, Dewhirst FE, Schuppan D, Oppenheim FG, Helmerhorst EJ.
(5) Discovery of a novel and rich source of gluten-degrading microbial enzymes in the oral cavity.
Helmerhorst EJ, Zamakhchari M, Schuppan D, Oppenheim FG.
(6) Fecal microbiota and metabolome of children with autism and pervasive developmental disorder not otherwise specified.
De Angelis M, Piccolo M, Vannini L, Siragusa S, De Giacomo A, Serrazzanetti DI, Cristofori F, Guerzoni ME, Gobbetti M, Francavilla R.
(7) Markers of Celiac Disease and Gluten Sensitivity in Children with Autism.
Lau NM, Green PH, Taylor AK, Hellberg D, Ajamian M, Tan CZ, Kosofsky BE, Higgins JJ, Rajadhyaksha AM, Alaedini A.
(8) Volta U, De Giorgio R, Granito A, Stanghellini V, Barbara G, Avoni P, et al. Anti-ganglioside antibodies in coeliac disease with neurological disorders. Digestive and Liver Diseases. 2006; 38:183–187.
(9) Pynnonen PA, Isometsa ET, Veradale MA, Chaconne SA, Sipila I, Savilahti E, et al. Gluten-free diet may alleviate depressive and behavioural symptoms in adolescents with coeliac disease: A prospective follow-up case-series study. BMC Psychiatry. 2005; 5:14. [PubMed: 15774013]
(10) Knivsberg AM, Reichelt KL, Hoien T, Nodland M Nutr Neurosci 2002 Sep;5(4):251-61. (90/95/2001)
(11) Lucarelli, S., Frediani, T., Zingoni, A.M., Ferruzzi, F.,Giardini, O., Quintieri, F., Barbato, M., D’Eufemia, P., Cardi,E. Panminerva Med., 1995 Sep; 37(3): 137-41.
(12) Reichelt, w. H.. knivsberg, A. M., Nodland, M., stensrud, M., Reichelt, K. L. Developmental Brain Dysfunction .1997 (10),44-55.
(13) Whiteley, P., Rodgers, J., Savery, D., Shattock, P. The Autism Research Unit (ed) 1997. Living and Learning with Autism. Sunderland University Press pp 189-197.
(14) The ScanBrit randomised, controlled, single-blind study of a gluten- and casein-free dietary intervention for children with autism spectrum disorders.
Whiteley P, Haracopos D, Knivsberg AM, Reichelt KL, Parlar S, Jacobsen J, Seim A, Pedersen L, Schondel M, Shattock P.

 

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Existe um teste alérgico para saber do que eu tenho alergia?

Por Dr. Luis Felipe Ensina – Alergista

 

Os testes de alergia são uma ferramenta importante e útil no diagnóstico das doenças alérgicas. No entanto, ainda não existe um teste específico que vai mostrar ao que uma pessoa é alérgica. Mas como assim?
Vejam, cada reação ou doença alérgica é provocada por substâncias diferentes e através de mecanismos diferentes. Por exemplo, a rinite alérgica normalmente é causada por ácaros, fungos ou epitélios de animais, e o mecanismo envolve a produção de um anticorpo específico contra estas substâncias chamado IgE (imunoglobulina E). Por outro lado, a dermatite de contato, que é um outro tipo de alergia que ocorre pelo contato de determinadas substâncias na pele, ocorre pela produção de um tipo de célula específico (linfócitos ou células T) contra a substância em questão (a mais comum é o sulfato de níquel). Assim, não adianta fazer um teste que avalie a presença de IgE para um paciente com dermatite de contato, ou então um teste de contato para um paciente com rinite.
Simples, não? Pois é, parece que sim. Mas como saber qual o teste mais indicado para cada tipo de alergia? É só considerar qual o mecanismo envolvido e as substâncias relacionadas. Não adianta fazer um teste de puntura, que é uma das formas de se avaliar a presença de IgE específica, para leite, ovo, trigo ou veneno de abelha em um paciente em investigação de rinite alérgica.
Mas por que? Porque sabemos que as alergias respiratórias estão relacionadas a substâncias inaladas, e não ingeridas (como os alimentos) ou relacionadas ao veneno de insetos. Da mesma forma, um teste de contato com cosméticos não faz sentido para um paciente que apresenta dermatite relacionada ao contato com objetos de metal como brincos e bijuterias.
Enfim, o diagnóstico das alergias depende muito mais de uma história clínica detalhada do que de testes alérgicos. Os testes são bastante úteis para confirmar uma suspeita, mas devem ser solicitados com critério para que as interpretações não sejam confusas.