Esse é um assunto recorrente. Infelizmente, de forma frequente vejo pessoas – especialmente crianças, o que é mais grave – privando-se de alimentos importantes porque o médico pediu um exame de IgE que deu positivo.
Mas a prática da Alergia não é simples assim!!! O diagnóstico da doença alérgica não pode se basear apenas num resultado positivo de um exame. É o conjunto que importa e especialmente a clínica do paciente, ou seja, seus sinais e sintomas.
Então, vamos falar mais uma vez. ALERGIA A LEITE (E OUTROS ALIMENTOS) NÃO OCASIONA:
• Resfriados de repetição
• Excesso de muco
• Infecções de ouvido
• Pneumonias
• Infecções de garganta
• Baixa de imunidade
Alergia a leite pode dar:
• Anafilaxia
• Proctocolite e/ou colite alérgica
• FPIES ( enterocolite alérgica)
• Esofagite eosinofílica
• Outros problemas gastrointestinais (cólicas do lactente, refluxo gastroesofágico. Mas, cuidado! Nem sempre é a alergia que está por trás disso!)
• Dermatite atópica
• Urticária aguda
O leite de vaca (LV) pode ser responsável por problemas respiratórios? Sim, desde que associados numa crise aguda de anafilaxia. Ou seja, uma criança alérgica a LV que ingira o mesmo, ainda que em quantidades pequenas, pode começar a ter crise de espirros, tosse, chiado (broncoespasmo), urticária, vermelhidão no corpo todo, coceira, inchaço, queda de pressão, palidez…pode até ter parada cardíaca. Mas dá para entender que os sintomas respiratórios aparecem num outro contexto?
Definitivamente, a alergia a LV não ocasiona asma e rinite crônicas quando esses sintomas são isolados. A rinite pode ocasionar resfriados de repetição, infecções de ouvido, excesso de muco, etc. A asma pode facilitar pneumonias e a criança fica com chiado e falta de ar. Mas tudo isso não tem relação com APLV (alergia a proteína do LV). Asma e rinite são frequentemente (mas não em todos os casos) causadas por aeroalérgenos (pó, ácaros, polens, etc). O lactente sibilante é um diagnóstico complexo. São bebês que chiam quase o tempo todo, frequentemente estão com problemas respiratórios, e precisam de diagnóstico correto. Pode ser asma, mas o mais comum são as viroses respiratórias (destacando-se aqui as bronquiolites). Refluxo gastroesofágico, imunodeficiências e até malformações podem estar por trás do quadro clínico dessas crianças.
Acontece que crianças com asma e rinite frequentemente têm atopia. E pessoas atópicas produzem muita IgE. É comum vermos crianças (e adultos também) com asma e rinite que têm IgE positiva para leite e outros alimentos. ISSO NÃO SIGNIFICA QUE ELAS TENHAM DE FATO ALERGIA A LEITE.
IgE positiva significa sensibilização alérgica, mas não necessariamente alergia.
Ou seja, alguém com IgE positiva e sem sintomas relacionados a alergia alimentar não tem necessidade de ser privado(a) desse alimento. Na dúvida, o(a) alergista fará um teste de provocação, mas nunca um bom profissional proibirá por tempo indefinido um alimento tão importante e consagrado em nosso meio sem uma comprovação diagnóstica, baseando-se apenas um exame laboratorial.
Aliás, isso é duplamente ruim: além dos aspectos nutricionais e sociais que essa privação acarreta, existe atualmente um consenso entre alergistas que há uma janela de oportunidade imunológica onde o alimento é tolerado, ao invés de ser reconhecido como alergênico. Isso significa que perdendo a oportunidade de experimentar esse alimento durante essa janela (que vai de 3 meses até o final do primeiro ano de vida, aproximadamente), é mais provável que esse indivíduo se torne de fato alérgico.
Privar crianças (e adultos também) de se nutrirem com este ou aquele alimento baseando-se APENAS na IgE positiva é um erro, uma iatrogenia, que deve ser evitada e que ocasiona sofrimentos desnecessários para o(a) paciente e sua família.
Categoria: Saúde
Semana Mundial das Alergias
Entre 22 e 28 de Abril acontece a Semana Mundial das Alergias. É fundamental conscientizarmos ainda mais a comunidade sobre o que são as Alergias Alimentares e a importância da inclusão dos alérgicos. Por isso se você tem um alérgico na família ou conhece alguém que tenha, compartilhe!
As Alergias Alimentares são cada vez mais comuns! Elas devem ser tratadas com seriedade e não vistas como “frescura”.
Alergia Alimentar na Escola
Cardápio Especial
Você sabia que crianças com alergia alimentar têm direito a receber uma alimentação adequada às suas necessidades, de acordo com a Lei 12.982/14, que alterou a Lei 11.947/09?
Por esta lei, os alunos que necessitem de atenção nutricional individualizada em virtude de estado ou condição de saúde específica terão um cardápio especial elaborado com base em recomendações médicas e nutricionais.
Meu filho tem APLV. E agora????
Em primeiro lugar entenda que a alergia alimentar é considerada hoje um problema muito comum. São inúmeras as redes sociais que abordam o tema e certamente você conhecerá outras crianças com problemas semelhantes. Mas não existem dois casos iguais, cada criança tem uma sensibilidade e, portanto, uma reação diferente.
Na maioria das vezes a alergia não é grave e melhora com o tempo.
Com informação adequada e um bom apoio profissional em geral não há necessidade de inúmeros exames, “agulhas”, “injeções” ou medicamentos de uso contínuo. O tratamento é totalmente nutricional. E trata-se de uma nutrição muito saudável que certamente vai repercutir positivamente no futuro da criança. Com a abordagem correta não há sofrimento para a criança.
Claro que a grande expectativa é que tenhamos um filho perfeito, sem defeitos, com visão normal, inteligente, sem manchinhas, sem alergia…
A tensão causada pela percepção de que o filho não está bem, a culpa e a frustração dos pais é que são os maiores obstáculos para a melhora da criança. A informação e aceitação são nossos maiores aliados.
A seguir, resumimos os passos mais importantes para os pais se orientarem e para que tudo dê certo com seus bebês.
Passo a passo da APLV
1- Principal: procure um bom pediatra ou gastroenterologista pediátrico que seja capaz de acompanhar, apoiar e orientar sobre a APLV. Seu filho merece uma consulta bem feita, com tempo adequado e merece ter um pediatra disponível e atencioso. Deste acompanhamento deve surgir um vínculo que vai desde o diagnóstico até a melhora completa.
2- Conheça a APLV através de fontes de informação seguras. Quanto mais informação correta maior a segurança.
3- Conheça os alimentos e os rótulos dos produtos que precisam ser retirados da dieta.
4- Conheça os cuidados especiais no modo de preparo, os cuidados com os utensílios, cosméticos e medicamentos.
5- Elabore um cardápio positivo, com as coisas que são permitidas.
6- Não se afaste das pessoas queridas, informe-as.
Fonte: http://alergiaaleite.com.br/

